segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Decodificando o código social

Conforme havia dito no post anterior, estaria discutindo aqui no blog, sobre a escrita dos adolescentes nas redes sociais. Acredito que muitos nunca pararam para prestar atenção sobre o que os adolescente estão escrevendo, de que forma estão escrevendo e sobre o que tanto eles escrevem. Alguns autores irão discutir referente a escrita do adolescente seja em diários e atualmente nos diários online.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSO_5FMyRJm7gf21oxgGoBGH2SnpvkjKwLSJTT8Mq63laUlNn82fxfpC-8nx_nDrDIzTJloEJYRkh3FPdsaL8duh1y1THG4TB5wYxLCNEBQA_wch3XE3ZwQpigHukbGYXmFZGImY2OYQ8/s320/Digitando_tatinha.jpg 

Então.. para Lima (2006) ele destaca a importância da escrita do adolescente, classificando como um operador da subjetivação, o adolescente encontra através da escrita um ponto para fixar as suas referências. Na fase de adolescência que começam a surgir os diários, antigamente diários em formato de cadernos, hoje online, por ex. blogs, murais do facebook, twitter, em que permitem não apenas a escrita, mas também a edição de vídeos, aúdios, imagens, tudo isso como uma forma de expor além das palavras o que está se passando....amanhã ninguém sabe de qual forma será exposta os pensamentos, não somente dos adolescentes mas de todos...
Cairoli e Gauer (2009) discutem que é através dos blogs que os adolescente podem expressar o que não está conseguindo comunicar de outra maneira, caracterizando como um código social. A falta de referência na infãncia faz com que os adolescentes busquem outras referências através do virtual, como um ponto de ancoragem, é na Internet que ele vai poder desabafar, brigar, chorar, expor todos os sentimentos que ele está sentindo ou que ele necessita jogar para fora e muitas vezes na própria casa dele não consegue fazer isso, seja por uma punição ou por uma falta de escuta dos pais como referência em que deveriam ajudar o filho a sempre expor o que está havendo na sua vida pessoal, as suas dificuldades e angústias, assim como as suas alegrias e conquistas. A falta de gozo de chegar em casa e compartilhar com suas referências o que aconteceu em seu dia, seja na escola, na rua, em qualquer lugar que esteve, faz com que o adolescente busque na internet preencher esse vazio compartilhando seja por escrito ou por imagens e vídeos, o seu sofrimento do "quem sou eu" tentando encontrar a sua identificação através dos grupos de semelhanças.

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As redes de relacionamento permitem este tipo de comportamento entre os adolescentes. Inicialmente, para criar um perfil no Orkut, a primeira pergunta é “Quem sou eu?” ou no Facebook “O que está pensando agora?”. Muitos dos adolescentes iniciantes não têm uma resposta pronta para estas questões.
A busca de identidade e afirmação do adolescente em desenvolvimento para a maturidade está ligada às figuras de referências, à pessoa que ele gostaria de parecer ou ser. Através de sucessivas elaborações começam a fazer parte da personalidade certas características de outras pessoas com a qual se identifica, constituindo a sua identidade pessoal, visto que são aceitos e ajustados socialmente. Nos grupos em que os adolescentes buscam entender a si próprios, experienciando várias situações em busca de um conhecimento de si mesmo, entra o contexto sociocultural que o autor irá citar como expectativas e valores que são estabelecidos na qualidade de comportamentos que passam a ser aceitos como normas para aquele próprio grupo social (Marques, 1979).
Manning (1997) permite refletir que o grupo dá a entrada para estas perguntas até mesmo dentro de uma rede de relacionamento que mostra que os adolescentes do século XXI não brincam mais na rua com brinquedos físicos e sim com vídeo games e jogos para computador. Alguns até mesmo pulam da fase do brincar para o uso da internet. O adolescente irá encontrar via internet pessoas que compartilham da mesma ideia que a dele, dos mesmos gostos musicais, literários, cinematográficos e etc. Um mundo onde ele pode criar as suas fantasias, criar um perfil ideal que gostaria, sem que o grupo possa discriminá-lo, enquanto irá adquirindo maturidade intelectual, reformulando seus pensamentos, até chegar à questão “quem sou eu?”, determinando objetivos para sua vida adulta na qual a sociedade impõe regras e limites.

http://www.yesteen.com.br/teen/upload/noticia/diario_materia.jpg 
Komesu (2004) compara as agendas dos adolescentes com os Blogs e as Redes Sociais como forma de um diário online, identificando em três componentes de: Tempo, Espaço e Interatividade. As agendas escritas manualmente, em todas as páginas possuem um cabeçalho com a data, mês e ano, especificando quando foi escrito. Assim como nas redes sociais e nos blogs, após ser publicada alguma postagem, sempre vem acompanhado da data de publicação junto com a hora que foi postada. Nas agendas não era possível identificar o local, mas os adolescentes sempre tinham alguns recursos para destacar o local, mas nem sempre isso era possível. Com a tecnologia via satélite, até mesmo nas redes sociais e nos blogs é possível identificar o local da onde está escrevendo. O trabalho do usuário é bastante árduo, pois ele precisa obter a atenção do leitor, para que sua página em rede social ou no blog seja acessada pelos outros usuários. Por último a interatividade, associada ao tempo e espaço, é possível o contato entre os usuários de forma veloz, eliminando barreiras geográficas. Não importando o conteúdo expresso, seja uma depressão, uma comemoração, um momento feliz, seja o que for o importante para os adolescente é que seja compartilhado e que ocupem espaço na rede. Sendo assim, ganhando mais seguidores e aumentando o círculo social, uma das características dos adolescentes, ter uma grande quantidade de amigos e sempre estar expondo suas rotinas, como forma de ser popular.
Os adolescentes na maioria das vezes finalizam suas postagens em Blogs ou nos murais das redes sociais, com algum tipo de pergunta, convidando os leitores para participar do mundo dele e tornar um novo seguidor em sua rede social. Outro detalhe também perceptível é quando os adolescentes expressam a sua ansiedade empregando dois ou mais pontos de interrogação (?) para formular uma pergunta, no lugar da utilização de um único ponto de interrogação, tentando dar ênfase a sua ansiedade, ao seu sentimento (Komesu, 2004).
Tapscott (1999) em uma pesquisa realizada com adolescentes que estão crescendo na rede social identificou que eles assumem um comportamento como: imediatismo interacional, tolerância ao diferente e autonomia na aprendizagem, para entender melhor:
  • Imediatismo interacional: A grande vontade de participar de debates acalorados e assim identificar-se com um conjunto de pessoas que compõem certa comunidade a qual pertence ou deseja pertencer, leva o indivíduo a buscar mecanismo que lhe possibilitem essa identificação. A língua é sem dúvida um dos mais poderosos mecanismos de identificação grupal e inserção social. É preciso agilidade no manuseio do teclado do computador para participar de certas formas de interação na rede online, pois a demora na resposta pode significar perda do turno de fala, dispersão do internauta e consequente desconsideração de sua opinião por parte do interlocutor. Uma vez conectado, não há tempo a perder. É preciso dar uma contribuição efetiva ao debate e para isso deve escrever da forma mais esquemática e funcional possível, pois essa é a expectativa dos que interagem na rede. Nos momentos de intensas trocas verbais e icônicas de ‘enunciados’, abreviações e reduções em palavras e expressões são não só necessárias quanto esperadas. Assim, "fim de semana” passa a ser grafada por “fds”; “beleza” vira “blz”, entre outros cortes substanciais em vogais e sílabas inteiras das palavras.
  • Tolerância ao diferente: Como interagir urge, logo a pressa em escrever para não perder a discussão em andamento gera novas formas de anotar as palavras e expressões da língua. Surpreendentemente, essas inovações linguísticas parecem não causar estranhamento ou provocar indignação nos internautas. Pelo contrário, a transgressão notacional de palavras é geralmente vista pelos usuários da rede como manifestação de criatividade e de descontração no uso da língua. Elas normalmente são bem acolhidas pelas comunidades virtuais. Muitos passam a imitar a nova grafia proposta, contribuindo assim para sua disseminação e emprego em massa entre os internautas espalhando-se rapidamente na rede. Condenar a inovação, inclusive, linguística tem sido considerada uma atitude politicamente incorreta, pois aceitar a diversidade e valorizar a pluralidade de ser, pensar e se expressar tem sido a tônica das sociedades que se dizem democráticas em meio Século XXI.
  •  Autonomia de aprendizagem: Beneficiados pela liberdade de expressão e pela tolerância ao diferente, vão testando novas formas de verbalização, regulando o formato de sua escrita a cada nova situação de comunicação verbal. Aprendem sozinhos, sem manuais ou professores, a usarem de modo eficiente os mais recentes gêneros derivados das inovações tecnológicas. Quem os ensina a reconhecer um e-mail, a identificar um blog e distingui-lo de um chat? A prática. O uso intenso, a insistente participação como interlocutores atentos aos detalhes de formato presentes em cada um dos novos gêneros digitais. Quem os ensina a escrever e-mails, blogs e chats? Eles aprendem fazendo, praticando, experimentando; escrevem e lêem, lêem e escrevem muitas mensagens. Assim vão inserindo cada um deles em seu cotidiano, aperfeiçoando-os e tornando-se competentes para o emprego desses gêneros conforme suas necessidades sócio comunicativas. Por causa do grande envolvimento e domínio dos gêneros digitais, a tendência é que os internautas ampliem sua necessidade de interação, o que exige naturalmente a criação de outros gêneros digitais num processo de invenção infinita de gêneros textuais. Por essa razão é que os usuários da rede estão constantemente buscando desenvolver a capacidade de aprender sozinhos e dessa forma poder acompanhar as frenéticas mudanças que se revelam tanto na rede quanto fora dela.
Xavier (2003) a internet tem como principal conceito a liberdade de expressão, apoiando-se nisso que os adolescentes encontram na mídia digital espaço para fazer o que mais gostam nessa faixa etária, transgredir. Não tem nenhuma forma de repressão quanto ao como vão dizer ou o que querem dizer, apenas exige habilidade e agilidade para revelar ao mundo suas opiniões e sensações. Mas uma vez inserida nela, sempre inserida, pois a necessidade de sempre estar escrevendo ou respondendo a comentários de outros usuários seguidores, é permanente.

http://www.materiaincognita.com.br/wp-content/uploads/2012/01/Adolescentes-e-redes-sociais.jpg








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