domingo, 13 de novembro de 2011

Psicologia e Alzheimer

Retomando as postagens no blog!

Algum tempo venho escutando alguns desabafos de uma amiga com relação a um parente que já com uma idade avançada desenvolveu algum tempo Alzheimer. Neste final de semana estive em contato com essa amiga minha e começou a me relatar alguns sinais avançados que estão aparecendo e também a rotina diária de cada um dos membros da família para cuidar, o quanto isso altera toda a rotina.

Com isso resolvi pesquisar um pouco sobre o assunto relacionado ao sintomas do alzheimer em relação também com o cuidador.

A causa mais freqüente de demência é a Doença de Alzheimer (DA), representando 50% a 70% dos casos. A prevalência da DA após os 65anos de idade duplica a cada cinco anos. É uma doença neurodegenerativa e progressiva. A doença é caracterizada pela alteração do comportamento, do cognitivo, dos pensamentos, da memória e do raciocínio. Dividindo em 3 graus: leve, moderado e grave. Cada grau exigindo cada vez mais dos cuidados de um terceiro.
80% dos cuidados com pessoas DA são integrantes da família, mas pesquisando sobre o assunto não existe uma definição correta do que é o cuidador, encontrei definições como: 

  1. O cuidador é quem dá suporte físico e psicológico, fornecendo ajuda prática, se necessário Grafstrom, Fratiglioni, Sandman e Winblad (1992)
  2. Petrilli (1997) define cuidador como a pessoa diretamente responsável pelos cuidados do paciente - normalmente a esposa, um dos filhos ou outro parente, ou, ainda, uma pessoa contratada para a função.
  3. Garrido e Almeida (1999), o cuidador é definido como o principal responsável por prover ou coordenar os recursos requeridos pelo paciente.
A medida que os cuidados vão aumentando o cuidador passa a admnistrar as áreas financeiras, medicamentos, aumentando também os cuidados de higiene pessoal, banho e até mesmo a alimentação. Exigindo muito esforço psicológico do cuidador pois toda a tarefa fica de responsabilidade dele causando um impacto também, 46% dos cuidadores acabam procurando o serviço de saúde para tomar psicotrópicos como antidepressivos e antipsicóticos. Apresentam também uma piora na saúd física e imunológico. 60% dos cuidadores podem desenvolver sintomas físicos e psicológicos. Os sintomas físicos mais comuns são: hipertensão arterial, desordens digestivas, doenças respiratórias e propensão a infecções. Sintomas psicológicos freqüentes são: depressão, ansiedade e insônia.

Etapas que a família passa:
  1. A princípio, a família não sabe o que está acontecendo diante das manifestações de déficit do paciente, gerando sentimentos de hostilidade e irritação. Do outro lado, o paciente pode perceber as próprias deficiências, correndo o risco de deprimir-se. 
  2. À medida que a doença vai evoluindo, ocorre a busca por um diagnóstico, porém, nem sempre os familiares o aceitam rapidamente, podendo negá-lo, na tentativa de recuperar a "pessoa de antes". 
  3. Após a aceitação do diagnóstico, pode haver uma sensação de catástrofe.
  4. Podem ocorrer três posicionamentos indesejáveis entre os familiares: superproteção, evasão da realidade e expectativas exageradas com relação ao desempenho do paciente. Os parentes que fazem evasão da realidade, ou seja, negam a doença, são geralmente os que mais sofrem; já os que assumem a função de cuidador tendem a monopolizar a função, colocando-se na posição de serem os únicos a fazer as coisas e abdicam de qualquer atividade que represente uma satisfação pessoal, acabando " heroicamente estressados". Quando o paciente não reconhece mais seus familiares há um primeiro luto para a família, devido à " morte social do paciente" . O segundo luto ocorre com a morte biológica do ente querido.
Os cuidadores que tem um suporte social, que estão frequentando atividades na comunidade, que participam de grupos de apoio, tem uma melhora adaptação a função de cuidador tendo mais satisfação e um nível de estresse e depressão muito menor dos que não buscam apoio e nem informação.

Estratégias de intervenções para o cuidador:

  • Grupos de apoio;
  • Grupos psicoeducacionais;
  • Terapia familiar;
  • Terapia Individual;

Gostaria também de complementar pois muita gente desconhece os sintomas de cada etapa da doença e acha que é somente a perda de memória mas não, abaixo segue os sintomas:
1ª Fase da Doença:

  • A perda de memória de curto prazo (dificuldade em lembrar fatos aprendidos recentemente);
  • O paciente apresenta alteração no desempenho da capacidade de dar atenção a algo, da flexibilidade no pensamento e no pensamento abstrato; 
  • Perda da memória episódica (ou autobiográfica – lembrar-se do que fez no domingo, por exemplo);
  • Certa desorientação de tempo e espaço. A pessoa não sabe onde está nem em que ano está, em que mês ou que dia. Nessa fase, pode-se observar apatia, como o sintoma bastante comum.

2ª Fase - considerada como Demência inicial:

  • Aumentam a dificuldade em reconhecer e identificar objetos (agnosia) e a execução de movimentos (apraxia).
  • A memória semântica (de fatos acontecidos no mundo e história geral, significado das palavras e coisas) e a memória implícita (memória de como fazer as coisas) não são tão afetadas como a memória de curto prazo (recente) e a memória de longa duração episódica (autobiográfica ou história da própria vida);
  • Diminuição do vocabulário e dificuldade falar, que levam a um empobrecimento geral da linguagem;
  • O paciente pode parecer desleixado ao efetuar certas tarefas simples do dia-a-dia (escrever, vestir-se, lembrar de tomar a medicação etc.) devido à dificuldade de fazer a sequência dos movimentos necessários para completar uma tarefa;
  • A continência urinária e os cuidados diários com higiene precisam ser realizados junto com o paciente;
  • Os problemas de comportamento são comuns e se agravam diante de situações não familiares, cansaço, surpresas e por vezes em determinados períodos do dia (como por exemplo, no fim de tarde);
  • As atividades físicas devem ser mantidas em horários regulares, realizadas por profissional especializado, com frequência de 3 a 5 vezes por semana.
3ª Fase:

  • A degeneração progressiva dificulta a independência;
  • A dificuldade na fala torna-se evidente devido à impossibilidade de se lembrar de vocabulário;
  • Progressivamente, o paciente vai perdendo a capacidade de ler e de escrever e deixa de conseguir fazer as mais simples tarefas diárias;
  • O paciente pode deixar de reconhecer os seus parentes e conhecidos;
  • A memória de longo prazo vai-se perdendo e alterações de comportamento podem se agravar. As manifestações mais comuns são a apatia, irritabilidade e instabilidade emocional, chegando ao choro, ataques inesperados de agressividade ou resistência ao cuidado;
  • Presença de ilusões/alucinações.
4ª Fase - Fase final:

  • Completamente dependente das pessoas que tomam conta dele;
  • A linguagem está agora reduzida à simples frases ou até as palavras isoladas, levando, eventualmente, a perda da fala;
  • A agressividade ainda pode estar presente, e a apatia extrema e o cansaço são resultados bastante comuns;
  • Os pacientes podem não conseguir desempenhar as tarefas mais simples sem ajuda, tal como levar o copo à boca. Este estágio é seguido pelo término da vida, causado não pela Doença de Alzheimer, mas por outro fator externo (pneumonia, por exemplo).