Achei essa matéria na página da UOL sobre o comportamento do Léo na
novela Insensato Coração e da sua mãe Wanda. Achei bem legal o
posicionamento dos especialistas que participaram da reportágem. Vale a
pena dar uma lida.
Mães superprotetoras podem criar canalhas como Léo, de "Insensato Coração"
Todo mundo
que assiste "Insensato Coração" sabe que Léo (Gabriel Braga Nunes) é um
tremendo canalha. No entanto, antes de julgar o vilão da novela global
das 21h, é preciso prestar muita atenção em outra personagem da
história: Wanda (Natália do Valle). Quem acompanha atentamente a trama
sabe o quanto ela, com suas atitudes de mãe superprotetora, é
corresponsável pelo comportamento do filho. Assim como Wanda, muitas
mães pecam pelo excesso, sem perceber que o amor devotado vai
transformando a criança em um adulto egoísta, competitivo e até amoral.
O
UOL Comportamento
conversou com duas especialistas para analisar os erros cometidos por
Wanda –e como eles repercutiram de forma extremamente negativa na
personalidade de Léo. Situações da ficção que podem muito bem arruinar
famílias na vida real.
Preferência em família = espírito competitivo deturpado
Desde
que Léo e Pedro (Eriberto Leão) eram pequenos, Wanda sempre pendeu
para o lado do primeiro e fez questão de lapidar as características do
filho que mais gostava (e com as quais mais se identificava), como a
ambição. Pedro, como era de se esperar, acabou se aproximando do pai,
Raul (Antônio Fagundes). Porém, o fato de Wanda sempre enaltecer as
qualidades do filho predileto (mesmo quando não havia razão para tal)
fez com que Léo se tornasse excessivamente competitivo, com sede de
ganhar e de sempre levar vantagem –a preferência de Wanda o levou,
tempo todo, a tentar superar Pedro em tudo, ainda mais que o afastou de
Raul. "Esse tipo de atitude também é prejudicial ao restante da
família, pois não é raro que a mãe desautorize o pai, caso considere
uma bronca ou um castigo excessivos para o seu favorito", comenta a
psicóloga Suzy Camacho, de São Paulo, autora do livro "Guia Prático dos
Pais" (Paulinas). O casal acaba dividido, com pai e mãe tomando
partido cada um de um filho, criando uma guerra entre os irmãos.
Supervalorização do filho = mimo e soberba
Wanda
sempre enxergou Léo com lentes cor-de-rosa, como se fosse perfeito.
Cada qualidade sua –beleza e inteligência, por exemplo– era destacada
ainda mais, o que fez com que Léo acreditasse ser superior às outras
pessoas. Já os defeitos –falta de compaixão ou propensão a mentir– eram
minimizados, o que sempre provocou conflitos com o pai e o irmão na
trama. "Ela se esforçou a vida inteira para que o filho transmitisse
outra imagem, a que ela idealizava", diz a psicóloga Suzy Camacho. Sob o
aval da mãe, Léo se tornou um monstro de autoconfiança e soberba. Para
Sônia Fuentes, doutoranda em Psicologia Clínica e mestre em
Gerontologia pela Pontifícia Universitária Católica de São Paulo
(PUC-SP), não é raro que um filho mimado se transforme em um adulto
egoísta –e, tal qual um bebê, é imediatista e quer seus desejos
atendidos na hora. "A infância não pode significar receber sempre tudo
que se quer, e sem esforço algum, como um bebê que, ao chorar,
geralmente recebe não só o leite, mas o afeto junto. Se a mãe continua
com a dinâmica de dar sempre tudo pronto e ignora a possibilidade do
crescimento do filho, ela acaba prejudicando-o. A criança que recebe
tudo prontamente vai querer sempre receber", explica Sonia. Segundo a
especialista, ao longo da infância, a criança precisa aprender a
experimentar frustrações para alcançar um dia a independência. Aprender
que o mundo não gira ao seu redor e que a vida nem sempre vai lhe dar
tudo aquilo que desejar. Se não internaliza isso, pode virar um adulto
tirano.
Erros acobertados = ausência de limites
Passar
a mão na cabeça de um filho que comete um erro é a pior coisa que uma
mãe pode fazer, mesmo que ela acredite piamente que está poupando a
criança de algum sofrimento. Wanda nunca puniu ou castigou Léo –e não
estamos falando, aqui, de represálias físicas ou radicais. Ela nunca
ensinou a ele o peso da consequência. Assim, cada delito foi varrido
para baixo do tapete e escondido do pai, que nunca teve a chance de
tomar uma medida adequada. "Quando a mãe acoberta um erro do filho, ele
acaba se tornando reincidente. Na vida adulta, torna-se uma pessoa sem
limites, capaz de tudo. E com muita autoconfiança, pois acredita que
sempre vai dar um jeitinho em qualquer situação", afirma a psicóloga
Suzy Camacho.
Supervalorização das aparências = perfil interesseiro e egoísta
De
acordo com a psicóloga Suzy Camacho, até os sete anos de idade a
criança aprende tudo pelo aspecto concreto, ou seja, mais vale o que ela
vê do que o que ela ouve. Dessa forma, se a mãe tem uma forte ligação
com a imagem, por exemplo, há uma tendência de ela também desenvolver
isso. Em “Insensato Coração”, a trajetória de Wanda a coloca como uma
mulher obcecada pelas aparências. Léo aprendeu a lição com a mãe:
cresceu um sujeito interesseiro e egocêntrico. "Torna-se egoísta aquele
que pensa que o mundo gira em torno de si, e se esquece que existem
outras pessoas que também necessitam de bens materiais, mas,
principalmente, de afeto, carinho e ajuda. Os pais devem incentivar os
filhos sempre a compartilhar brinquedos ou roupas, por exemplo. Entender
que algumas coisas podem ser doadas, pois ajudarão outras pessoas",
afirma Sônia Fuentes.
Falta de ética = amoralidade
Segundo
a psicóloga Sônia Fuentes, a partir do momento em que a criança
incorpora regras e começa a se adaptar ao mundo, vai tendo que acatar
princípios morais para sobreviver. "Para viver em sociedade, precisamos
de regras e valores morais, caso contrário, a vida em grupo se torna
até perigosa", diz. Léo, porém, já nasceu com traços de psicopatia.
“Estudos recentes de neurociências observaram que a área das emoções,
como a empatia, é menos ativada nos cérebros de pessoas com transtornos
emocionais, como os psicopatas”, diz a psicóloga Suzy Camacho. Se a
criança cresce em um ambiente amoroso, feliz, com pais que investem em
um relacionamento harmônico, a tendência pode ser sobrepujada. "O
ambiente faz toda a diferença", afirma Suzy. Wanda, com seu método
peculiar e equivocado de disciplina e educação, ajudou Léo a colocar em
prática suas características malignas. Na novela, a personagem Wanda
nunca tentou transmitir ao filho valores como a generosidade ou
honestidade. Ao contrário: ensinou Léo a ganhar a vida se aproximando
das pessoas que lhe trouxessem algum benefício.
http://estilo.uol.com.br/comportamento/ultimas-noticias/2011/08/19/maes-superprotetoras-podem-criar-canalhas-como-leo-de-insensato-coracao.htm